sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Revolução do Voto

     
      O voto é uma arma poderosa, e não raro, a única que as classes menos favorecidas possuem com o poder suficiente para mudar suas vidas, ampliar suas perspectivas. Contudo, no Brasil essa massa que é a grande maioria, usualmente não tem os mecanismos adequados para o efetivo exercício da cidadania (Saúda, habitação, condições dignas de trabalho e sobretudo educação). Dizia o grande historiador Eduardo Galeano que o historiador é “O profeta com os olhos voltados para trás”. E sem dúvida a melhor forma de utilizarmos nosso voto é sabendo do passado dos candidatos e sobretudo das forças políticas que estão com ele, porque ninguém governa só, e para conhecer tudo de forma efetiva vale a pena estudar a própria história do Brasil.
      Este país é marcado pela o que muitos chamam de “contra-revolução” visto que, sempre que em dado momento histórico se desenha para nossa sociedade a possibilidade de uma real mudança na balança do poder, os dentores deste dão um “jeitinho de se manter e impedir as grandes transformações. Senão vejamos: O Brasil era uma colônia aviltada e explorada por Portugal, contudo, os anseios por liberdade cresciam sobremaneira, todas as demais colônias ibéricas na américa já haviam rompido os laços com suas respectivas metrópoles, diante de tal constatação, Dom João para impedir a mudança encarregou seu próprio filho de fazê-la, apenas na aparência loógico: “filhão a independência do brasil é inevitável, portanto, não deixemos que um aventureiro qualquer tome o que é nosso, que seja você quem proclame a independência em troca de uma generosa indenização a Portugal e assinaturas de tratados que favoreçam pátria mãe. E assim se fez, trocou-se uma revolução por um conchavo entre poderosos.
     O tempo passou e eis que o desenvolvimento econômico impõe a libertação dos escravos como condição para ampliação do mercado consumidor (principalmente inglês) Aqui, diziam os conservadores, que a abolição causariam o Caos e a Baderna, porque os agricultores “faliriam” enquanto a caterva negra ficaria solta nas ruas. Dom Pedro II um homem muito conservador acreditava nisso, foi a princesa Isabel que representou o avanço, uma mulher com cultura acima da média, educada com idéias iluministas na europa e herdeira natural do trono, era uma ameaça maior que a própria abolição. Por isso, os grandes produtores (sobretudo os paulistas) se mancomunaram com a cúpula militar e proclamaram a república. Deodoro, usado como laranja na negociata, estava doente e febrio quando bateu na sua porta o alto comando militar exigindo uma posição sua, pressionado, ele não teve outro opção senao trair seu amigo pessoal que era o imperador. Demorou meses para a verdadeira população brasileira (o povão) soubesse que o império caíra. Em algumas regiões só tomou conhecimento da queda do império depois de anos. E mais uma vez uma contra-revolução e quase nada mudou.
      E lá estamos na república do café com leite, paulistas e mineiros alternam na presidência, as eleições eram uma grande e laboriosa fraude, era o tempo do voto do cabresto. Contudo, para surpresa geral, é eleito pela segunda vez seguida um paulistano, Getúlia Vargas representante da oligarquia do leite mineiro não se conforma com a “ruptura do acordo” e tenta arranjar uma desculpa para tomar o poder, ela aparece. Seu vice, o paraibano João Pessoa é assassinado por motivos passionais, mas Getúlio alega motivos políticos, a emoção toma conta do Brasil, Getúlio sabe manipular as massas e derruba Washington Luiz, isto é chamado de revolução de 30, mas nitidamente se vê outra contra-revolução, não se pode admitir mudança. Vargas promete eleições e uma nova constituinte popular, não o faz, há revoltas, surge um arremedo de constituição em 34. Deveria haver eleições gerais em 38, mas Vargas não queria sair, junto com seu então ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra forja o plano Cohen que consiste em mandar oficiais do exército e milícias ao seu mando queimar igrejas, estuprar mulheres, fazer arrastões nas principais capitais do país para que Getúlio possa atribuir a BADERNA E O CAOS aos comunistas, com essa desculpa dá mais um golpe e permanece no poder com força máximo, como ditador, tal qual seus ídolos Hitler e Mussoline. Esta “tática da baderna é antiga, sempre que o poder estabelecido se vê diante do novo, do povo, usa isto, usa o medo do desconhecido como uma forma de aterrorizar. Durante a história todas as ditaduras, comunistas (lênin, Stálin) ou capitalistas (Hitler, mussoline) criam seus fantasmas para justificar a violência (nem mesmo a meca da democracia, os USA escapou da caça as bruxas, basta que você pesquise sobre o Machartismo). O próprio Vargas, no seu segundo mandato, já eleito pelo voto popular, foi vítima do próprio veneno, pois, ao voltar ao poder, ainda queria um brasil nacionalista e sem obediência ao capital estrangeiro, pagou um preço caro, sua própria vida, assim como na lenda grega de Crônus que devorava seus próprios filhos ou na revolução francesa onde até o criador da Guilhotina morreu guilhotinado os donos do poder sucumbem aos seus próprios estratagemas.
      Mas o mundo avançou e finalmente em 2002 foi eleito o primeiro presidente operário no País.  A princípio poderia ser apenas uma mudança simbólica e formal. Mas não, foi a a maior revolução da história deste país. Nunca tantas pessoas deixaram de sentir fome, tantas puderam ascender nas classes sociais, tiveram acesso a mais educação, saúde, oportunidades de trabalho. Nunca o cidadão humilde foi tão priorizado e respeitado. Pagamos a dívida externa, varremos mais de 20 milhões de pessoas da condição de miseráveis, criamos novas universidades, valorizamos o funcionário público, o salário mínimo, a indústria nacional... São tantos avanços que gastaria centenas de linhas. Houve erros claro, mas erros todos governos cometem. A diferença é que nem todos tem tantos avanços e conquistas como este.
    Finalmente domingo temos a oportunidade dessa verdadeira mudança continuar. Grandes meios de comunicação (Organizações Globo, Editora Abril) ainda saudosas dos velhos poderosos esforçaram-se ao máximo para eliminar a vontade popular e impor a opinião publicada em favor dos velhos "donos do poder" representados pela figura de José Serra (aliado de ruralistas e antigos membros do regime militar e de economistas que pregravam adoração e obediência ao FMI).
       Mas o esforço dessa velha "ditadura" e seu asseclas midiáticos será em vão pois tenho fé que neste domingo dia 31 de Outubro de 2010 será eleita a primeira presidente  do país Dilma Rouseff. Um dia essa mulher foi uma mineirinha de 17 anos que estudava economia na UFMG e incoformada com a ditadura militar e toda sua opressão, pegou nas armas para lutar pela liberdade, agora a sua revolução irá continuar através do voto.

By- Adriano Cabral

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