segunda-feira, 30 de março de 2009

UM BEIJO



Um beijo...Parece que a gente já deu todos sentiu tudo e não pode haver mais novidade... ...mas se engana e se encanta...quando há sentimento e há paixão, nova paixão, renova, renasce, coração forte disparado como se fosse o primeiro...

beijo... Cutucando, mexendo aqui, bem dentro...uma magia, feitiço, um quê de Etério (sobrenatural) tudo isso num...

Beijo... E mesmo com o corpo quente, úmido, as mãos ficam gélidas...

E mesmo as mãos mais experientes tremem diante do ser adorado enquanto elas mergulham até no inexplorado... Os olhos penetram, se fundem, as bocas se unem, calma... ...calma... a língua vai aprendendo o caminho, brincando, sorrindo tocando... indo e voltando desenvolta...e a mão....uma... que desliza, toca, empolga, outra mão frouxamente a impede, deixa, deseja, teme, mas há algo maior...há um...

Beijo...

hummmmmmmmmmmmmm

huuummmmmmmmmmmmmmmmmmm hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

Beijo beijo beijo beijo


E mesmo quem se determinou não querer não queria parar...

E mesmo aquele que temeu sofrer ao se deixa deliciar...

E se descobre que é gostoso ser forte para resistir ao medo... ...desejo! um beijo

beijo gosto ta na boca, na alma, no corpo...marcado.. um beijo que fica na noite beijando beijando beijando, durmo e sinto...

hummmmmmmmmmm Beijo.

Quero mais! outros beijos, novos caminhos...tantos caminhos...

hummmm como parar?

sentiu?

Adriano Cabral.

domingo, 8 de março de 2009

Angústia da Mulher


               Na minha opinião a maior parte das datas comemorativas são despidas de sentido, ou pior, são apenas desculpas criadas pelo “mercado” para se ganhar mais alguns trocados com as afeições ou repiques de afeições despertadas pelas tais datas. Seres humanos são praticamente coagidos a serem melhores, mais carinhosos, mais afetuosos, ou pior, forçados a presentear, mesmo quando assim não desejam, ou não têm condições financeiras para tal.
            A data se torna, ao meu ver, mais perniciosa quando “comemora” um modelo de ser humano que deve ser idolatrado e valorizado independente da individualidade e da vontade, essas sim, inerentes aos humanos. Um bom exemplo disso é o dia internacional da mulher que se “comemora” hoje. A grosso modo esta data vem super valorizando a luta da mulher pela “conquista” do mercado de trabalho, pelas grandes realizações na “sociedade”, pelos “direitos iguais”," junto com a liberdade financeira. Tais “vitórias” são justamente o grande fracasso da mulher, e pior, mais uma grande derrota do ser humano como tal, nada de espanto, eu explico.
A mulher para adquirir “respeito” teve que necessariamente abandonar o convívio com os filhos, amigos, familiares e até mesmo seu parceiro. Isso a levou no mergulho da disputa insana do mercado de trabalho capitalista e, justamente pra nele vencer, teve que desenvolver os piores defeitos dos homens, tais como: a insensibilidade, a frieza e a dedicação quase que exclusiva ao trabalho, logo, acabou também ganhando no pacote as depressão, a solidão o infarto e conseqüentemente convidada a participar de um maior número de dissoluções familiares, desta vez, não por falta de amor ou algum adultério, mas simplesmente por falta de... Tempo.
A mulher deveria ter adquirido o respeito não porque conseguiu o poder financeiro, e sim porque o homem finalmente teria saído de sua bestialidade primal e descobrisse que as pessoas são importantes e devem ser respeitadas não pela quantidade de moedas que ela possa ganhar e sim por elas mesmas. Há muito tempo o próprio homem vem sendo forçado a cumprir papéis que lhe são “determinados” pelo modelo econômico e perdendo a qualidade de ser homem, ou até mesmo de ser um “parceiro” considerável se assim não o fizer. O capitalismo não animalizou as relações humanas, ele fez pior, ele as mercantilizou. Outrora o homem sozinho era marionete do “mercado”, sofrendo e vivendo bem menos que a mulher, esta agora, divide esse fardo com ele. Pior, a mulher tem que ser homem e ainda continuar a manter todas as qualidades e ônus até então típicos do sexo feminino, logo a angústia e frustração é quase que fatal. E a mulher moderna não tem escolha, ela tem que ser tudo.
Nem o homem nem a mulher auferiram direitos por si próprios, pois sem o poder financeiro nem um nem outro terão direitos nem serão respeitados, o resto é só pirotecnia discursiva.
Quem sabe um dia o ser humano como espécie se respeitará e admirará um ao outro apenas pelo que ele é e não pelo seu poder de comprar coisas.

E viva ao dia da mulher, pobre mulher.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O AMOR É FILME

O AMOR É FILME

Sobe o pano, a sala fica escura... E como por encanto onde até então havia uma tela sem vida surge á luz, não só luz, mas um pequeno universo explode do big ban mágico que é o cinema. Neste caso, um universo criado pelo nosso Deus cabra da peste de Vitória de Santo Antão Osman Lins e transformado pelo messias arretado que é Guel Arraes (recifense). Esse universo tem um nome: Lisbela e o Prisioneiro.
Assim como no filme anterior de Guel Arraes o excelente Auto da Compadecida, Lisbela nos faz realmente lembrar do “orgulho de ser Nordestino” e porque não, recifense. A história fala de Leléu, nome inteiramente adequado para um tipo irresponsável, docemente pilantrão, sonhador e é claro, conquistador. Leléu tem muitos nomes, pode ser o misterioso Antônio da Anunciação, o cientista Patrick Mendel ou o terror dos maridos: Mane Gostoso. Selton Melo consegue encarnar com competência Leléu (assim como o fez na tv antes dele Diogo Vilela e no teatro Bruno Garcia) ele é uma espécie João Grilo urbano que pula de cidade em cidade em busca de seu ganha-pão e ganha-moças, ambos num apetite até então insaciável. Mas a fome de moças de Leléu chega ao fim justamente quando inicia a história. Este início se dá quando ele encontra a doce e irresistível Lisbela, representada no filme de forma sofrível por Débora Falabela (antes com muita desenvoltura e graça, Giulia Gan fez Lisbela na tv e Virginia Cavendish no teatro). Lisbela como toda boa menina alesada, é sonhadora e sonha viver um grande amor, de preferência que ele venha com a cara de macho do Bogart e a coragem dos personagens de Gary Cooper. No entanto, enquanto seu filme pessoal não roda, ela namora o “carioca de cabrobó” Douglas, interpretado de forma hilariante por Bruno Garcia (recifense, foi também Vicentão no Auto, antes Douglas foi interpretado por Edson Celulari na tv.). Douglas é um matuto de Cabrobó que passara alguns meses no Rio de Janeiro e voltara a Vitória de Santo Antão com sotaque “carioca” e é dele as falas mais engraçadas do filme, inclusive roubando a cena até mesmo de Leléu. Bairrismo à parte, é delicioso ver pela primeira vez num filme Brasileiro a situação onde o “engraçado” não é o falar nordestino e sim o Carioca, em certa altura do filme o matador representado por outro recifense, o irrepreensível Marco Nanine, manda Douglas falar como homem (ou seja, falar como pernambucano). Fechado o triângulo, surgem mil situações que podem impedir o sucesso do romance (afinal trata-se de uma comédia romântica né?) onde desfilam um matador que busca lavar sua honra matando Leléu que “papou” a esposa dele Inaura (a excelente e recifense Virginia Cavendish, na tv foi encarnada pela não menos competente Cláudia Raia), um delegado que caça o herói por ter seduzido sua filha Lisbela, e é claro, como todo bom carioca, o corno manso Douglas, que tenta por todos os meios (não muito corajosos é claro) impedir que o herói e a mocinha terminem juntos no final. Como este texto tem como um dos objetivos antes de tudo, lembrar do meu Recife vale lembrar da ponta hilária do nosso recifense Aramis Trindade (cabo 70 do auto da compadecida) fazendo papel da primeira vítima do matador e o roteirista consagrado no sudeste João Falcão, autor de peças de grande sucesso e parceiro de Guel Arraes em vários projetos.
Como foi dito acima, o ponto baixo do filme é a artificial Lisbela de Débora Falabela que nem de longe lembra uma moça de Vitória de Santo Antão. Outra falha de lascar é a música sem pé nem cabeça de Caetano Veloso que não tem absolutamente nada a ver com o filme, afinal, a música fala de um romance antigo, fragmentado que está sendo reatado enquanto o filme trata da velha história da mocinha prometida para alguém que não ama e encontra seu amor na pele de um malandro irresistível. Talvez o fato de o baiano Caetano ser esposo da produtora executiva Paula Livenhague (que faz monga a mulher gorila no filme) tenha sido o motivo aquela música esta lá. Mas não se enganem não, a trilha é um dos pontos mais fortes da trama. Vale a pena ver o filme e curtir a trilha.
Neste universo, além da aventura, poliça, comédia e romance, antes de tudo prevalece o sonho, Leléu quando ainda criança, partindo atrás de um dirigível Zé Pelin, acabou se perdendo no caminho até encontrar seu grande amor e finalmente se aquietar.
Enfim, não é um “Amarelo Manga” (outro filme recifense em enaltecido pela crítica brasileira e mundial) Mas Lisbela e o Prisioneiro é diversão certeira, ora cebola! Meu filho, não perca não, minha filha, vá lá visse? Oxe como é gostoso ser recifense.
Baixa o pano desaparece o sonho, fica a lembrança...
Adriano Cabral.

“Se eu tiver que me queimar na vida quero queimar tudo de uma só vez, num fogo bem forte”. (Lisbela ao justificar porque vai fugir com Leléu mesmo partindo para uma vida incerta, mas que certeza nós temos neste mundo? Ouxe!).

TRILHA: O AMOR É FILME: http://www.youtube.com/watch?v=Rc4U8bDCVvo

Espumas ao Vento (trecho do filme e música: http://www.youtube.com/watch?v=8guDHDD9BMs

by- Adriano Cabral