sexta-feira, 6 de março de 2009

O AMOR É FILME

O AMOR É FILME

Sobe o pano, a sala fica escura... E como por encanto onde até então havia uma tela sem vida surge á luz, não só luz, mas um pequeno universo explode do big ban mágico que é o cinema. Neste caso, um universo criado pelo nosso Deus cabra da peste de Vitória de Santo Antão Osman Lins e transformado pelo messias arretado que é Guel Arraes (recifense). Esse universo tem um nome: Lisbela e o Prisioneiro.
Assim como no filme anterior de Guel Arraes o excelente Auto da Compadecida, Lisbela nos faz realmente lembrar do “orgulho de ser Nordestino” e porque não, recifense. A história fala de Leléu, nome inteiramente adequado para um tipo irresponsável, docemente pilantrão, sonhador e é claro, conquistador. Leléu tem muitos nomes, pode ser o misterioso Antônio da Anunciação, o cientista Patrick Mendel ou o terror dos maridos: Mane Gostoso. Selton Melo consegue encarnar com competência Leléu (assim como o fez na tv antes dele Diogo Vilela e no teatro Bruno Garcia) ele é uma espécie João Grilo urbano que pula de cidade em cidade em busca de seu ganha-pão e ganha-moças, ambos num apetite até então insaciável. Mas a fome de moças de Leléu chega ao fim justamente quando inicia a história. Este início se dá quando ele encontra a doce e irresistível Lisbela, representada no filme de forma sofrível por Débora Falabela (antes com muita desenvoltura e graça, Giulia Gan fez Lisbela na tv e Virginia Cavendish no teatro). Lisbela como toda boa menina alesada, é sonhadora e sonha viver um grande amor, de preferência que ele venha com a cara de macho do Bogart e a coragem dos personagens de Gary Cooper. No entanto, enquanto seu filme pessoal não roda, ela namora o “carioca de cabrobó” Douglas, interpretado de forma hilariante por Bruno Garcia (recifense, foi também Vicentão no Auto, antes Douglas foi interpretado por Edson Celulari na tv.). Douglas é um matuto de Cabrobó que passara alguns meses no Rio de Janeiro e voltara a Vitória de Santo Antão com sotaque “carioca” e é dele as falas mais engraçadas do filme, inclusive roubando a cena até mesmo de Leléu. Bairrismo à parte, é delicioso ver pela primeira vez num filme Brasileiro a situação onde o “engraçado” não é o falar nordestino e sim o Carioca, em certa altura do filme o matador representado por outro recifense, o irrepreensível Marco Nanine, manda Douglas falar como homem (ou seja, falar como pernambucano). Fechado o triângulo, surgem mil situações que podem impedir o sucesso do romance (afinal trata-se de uma comédia romântica né?) onde desfilam um matador que busca lavar sua honra matando Leléu que “papou” a esposa dele Inaura (a excelente e recifense Virginia Cavendish, na tv foi encarnada pela não menos competente Cláudia Raia), um delegado que caça o herói por ter seduzido sua filha Lisbela, e é claro, como todo bom carioca, o corno manso Douglas, que tenta por todos os meios (não muito corajosos é claro) impedir que o herói e a mocinha terminem juntos no final. Como este texto tem como um dos objetivos antes de tudo, lembrar do meu Recife vale lembrar da ponta hilária do nosso recifense Aramis Trindade (cabo 70 do auto da compadecida) fazendo papel da primeira vítima do matador e o roteirista consagrado no sudeste João Falcão, autor de peças de grande sucesso e parceiro de Guel Arraes em vários projetos.
Como foi dito acima, o ponto baixo do filme é a artificial Lisbela de Débora Falabela que nem de longe lembra uma moça de Vitória de Santo Antão. Outra falha de lascar é a música sem pé nem cabeça de Caetano Veloso que não tem absolutamente nada a ver com o filme, afinal, a música fala de um romance antigo, fragmentado que está sendo reatado enquanto o filme trata da velha história da mocinha prometida para alguém que não ama e encontra seu amor na pele de um malandro irresistível. Talvez o fato de o baiano Caetano ser esposo da produtora executiva Paula Livenhague (que faz monga a mulher gorila no filme) tenha sido o motivo aquela música esta lá. Mas não se enganem não, a trilha é um dos pontos mais fortes da trama. Vale a pena ver o filme e curtir a trilha.
Neste universo, além da aventura, poliça, comédia e romance, antes de tudo prevalece o sonho, Leléu quando ainda criança, partindo atrás de um dirigível Zé Pelin, acabou se perdendo no caminho até encontrar seu grande amor e finalmente se aquietar.
Enfim, não é um “Amarelo Manga” (outro filme recifense em enaltecido pela crítica brasileira e mundial) Mas Lisbela e o Prisioneiro é diversão certeira, ora cebola! Meu filho, não perca não, minha filha, vá lá visse? Oxe como é gostoso ser recifense.
Baixa o pano desaparece o sonho, fica a lembrança...
Adriano Cabral.

“Se eu tiver que me queimar na vida quero queimar tudo de uma só vez, num fogo bem forte”. (Lisbela ao justificar porque vai fugir com Leléu mesmo partindo para uma vida incerta, mas que certeza nós temos neste mundo? Ouxe!).

TRILHA: O AMOR É FILME: http://www.youtube.com/watch?v=Rc4U8bDCVvo

Espumas ao Vento (trecho do filme e música: http://www.youtube.com/watch?v=8guDHDD9BMs

by- Adriano Cabral

4 comentários:

  1. Um ótimo filme, mesmo com algumas imperfeições no elenco. Diria até que é uma versão Nordestina de Romeu e Julieta.
    Vale a pena rir (e se emocionar?)com a história de Lisbela e Leléu e também com todos os personagens que participam da trama principal.
    Selton Melo é um dos melhores atores do cinema brasileiro ja a Débora Falabella me parece mais um anjo com uma voz irritante de uma "patricinha do sertão", mas que nos encanta com seu belo sorriso.
    No mais, um ótimo filme e o melhor(para mim): mais um bom filme brasileiro.

    "...E nesse desespero em que eu me vejo
    Já cheguei a tal ponto
    De me trocar diversas vezes por você
    Só pra ver se te encontro..."
    (Composição: Fernando Mendes / José Wilson / Lucas)

    Recomendo: Tapete Vermelho

    ResponderExcluir
  2. Gostei do filme, mas acho ele bastante enjoado. É coisa para ser ver de tempos (longos) em tempos.

    ResponderExcluir
  3. Realmente um bom filme, e como já citado anteriormente, mais um bom filme brasileiro.
    Assim como "O auto da compadecida", "Lisbela e o prisioneiro" nos reafirma a capacidade do Brasil de fazer bons filmes e sobretudo com características nordestinas.

    ResponderExcluir
  4. oi o filme e d+ conta a historia brasileira

    Rio de Cpontas_ Marcolino Moura_ ba

    ResponderExcluir

É sempre bom ler o que você tem a dizer! Se possível deixe a cidade de onde você esta teclando.