terça-feira, 30 de setembro de 2014

Apagando Perfis



Hoje acordei mais velho, a passagem dos anos raramente foi pra mim um grande dia a se comemorar. Não sei se foi porque minha única festa de aniversário "de verdade" só aconteceu quando completei cinco anos, ou porque, mesmo jovem, já prenunciava o "desgosto" de ter a cada ano de lembrar a parte da existência que fenece.

Mas hoje não vim para este espaço falar propriamente de mim ou postar mais um daqueles textos ficcionais que só aquela pessoa de Itabuna aprecia, hoje, quero falar do nascimento e a morte de um velho amigo: Orkut.
 
Comecei a acessar regularmente a internet em 1997, logo após me formar. A princípio utilizei muito dois programas para comunicar-me com as pessoas de todo mundo: IRC (um WhatsApps mais divertido) e ICQ (que foi varrido pelo MSN). Comecei acessar sem muita fé naquelas coisas e "naquele povo esquisito". Afinal, só pessoas com sérios problemas de convivência teriam necessidade de utilizar-se de redes sociais para se comunicar. Esta rindo? Pois era assim que eu e muitas pessoas pensavam na época, era muito esquisito alguém falar pelo "computador!

De fato, o que não faltavam gente louca e problmática no mundo virtual, mas pasmem! São essas mesmas pessoas que compõe o mundo real. E para minha "surpresa" no meio de toda aquele gente encontrei pessoas sensacionals, amigos, e até amores, sim, vivi amores "virtuais" que se transformaram em "realidade." Quem me conhece, sabe que sou um provocador nato, e não raro entrava num canal de bate papo com a indagação: A pergunta fundamental, a questão que move a humanidade, a questão que não quer calar: Existe vida inteligente na internet?" :-).

Anos depois, me meados de 2006 comecei a acessar o orkut por insistência de um coordenador de uma das faculdade que lecionei. Ainda achava um tanto bizarro a idéia de se expor em redes sociais (na verdade quem é meu contato nestas redes deve ter percebido que me exponho muito pouco) mas o coordenador insistia que seria bom para contatar alunos e colegas de trabalho.

Com muita resistência naquele mesmo ano criei os perfis no My Space (que até hoje esta lá sem uso) no facebook (que só comecei a utilizar de fato há uns quatro anos atrás) e do orkut que hoje esta deixando de existir.
 
Hoje acordei mais velho e com a invencível necessidade de escrever sobre o fim do orkut. Nele debati, briguei, fiz novos amigos, descobri novos mundos, tive acesso a livros, filmes, poesia e loucura, e porque não, ternura. Boa parte dos seguidores deste blog vieram de lá.
 
Há pelo menos dois anos que poucas pessoas acessam o orkut (eu continuava lá) e como tudo que é velho, pouquíssimas pessoas vão sentir sua falta.
 
Não estou certo se sentirei falta do orkut, até porque ele é apenas um ferramenta de contato, mas sinto como se vários mundos, histórias, sonhos, desejos, fotos, diálogos deixaram de existir e jamais irão nascer com sua morte.
 
Como tudo que morre, deixará lembranças, essas só desaparecem mesmo quando se deixa de acordar, e finalmente repousamos.
 
Descanse em paz velho amigo!
 
  • By Adriano Cabral.

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