quinta-feira, 29 de julho de 2010

Notas de Amor 1



      Por este instrumento público, declaro aos devidos fins de fato e de direito e para toda posteridade ou seja lá para que sirvam as declarações, a morte de um amor. Este faleceu neste dia por falência múltipla dos órgãos, explico,  acabou-se pela mais pura ausência de reciprocidade. Diante de tal constatação retifico, mudo a declaração, o que houve na verdade foi o aborto de um amor haja visto o mesmo nem mesmo chegou a nescer, a ter sopro de vida. Para existir amor diz-se que é necessário o congresso de mais de uma pessoa em consonância e harmonia de sentimentos, como tal não houve, não se pode falar em morte do amor, pois este nem mesmo chegou a nascer... Mas refletindo melhor... Se não houve reciprocidade de sentimentos não houve morte nem mesmo aborto pois não posso afirmar que o mesmo chegou a ser concebido pois foi sentimento unilateral.
Diante disso, miseravelmente, venho por meio desta declarar que morreu uma grande afeição que era só e tão somente só minha, e se algo dela nasceu foi apenas a indiferença, a solidão, a frustração e a certeza que nem todos nasceram para serem felizes.

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Algum lugar, 09 de Setembro de 1996.

By Adriano Cabral

8 comentários:

  1. Ah, Adriano... Eu dei uma risada boa agora!

    Eu tenho notinhas assim aos montes!
    Vale nem a pena publicar... haha.

    (Pelo menos não agora)

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  2. Olá, estava passendo pelos blogs e achei o seu...
    Muito bom adorei o post. Sem duvida vários corações que são hoje lápides deveriam ter esse pensamento (msm sem enorme..rsrs) gravados...

    Um grande Abraço.
    N. Reis

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  3. O que seria pior? Morrer ou nem ter nascido?
    Eu sou do time que prefere morrer à nunca ter nascido.. se o sofrimento da morte é maior, os momentos felizes durante a vida compensam.. ;)
    Como diz um grande amigo sumido meu.. Para viver um grande amor.. é preciso muita coragem..
    Saudade!
    Smack

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  4. Amor não necessita de reciprocidade para existir, senão o que dizer dos amores platônicos? sentimentos são individuais mesmo que nasçam em razão do outro e quanto a morrer...bem da pra deixar de amar alguém? não sei, acho que o senimento muda com o tempo, pode vir a ser uma grande afeição que se torna amizade com a presença do outro ou raiva que vira magoa guardada bem la no fundo quando a ausência permite, mas a totaL indiferença que é a morte do amor, não sei se é possível

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  5. me encontrei com este texto.. ele traduz fielmente o que sinto e o que penso sobre amor neste exato momento...

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  6. De certo modo também concordo que para haver amor deve haver reciprocidade em algum momento, só ama quem se sente amado, mesmo que não o seja. Em outro caso, não é amor, é obsessão, é paixão... E do modo como morreu esse amor citado morrem tantos outros, em meio a indiferença alheia, mas cada um tem sua dor singular e incomparável.

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  7. Nilópolis

    Foi bom refletir sobre esse assunto, eu acredito que o amor correspondido nos fortalece, do contrário enfraqueçe.

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  8. Fernanda, bem-vinda a este espaço. Espero que continue aprecisando o que é aqui publicado, sobretudo comentando e contribuindo para construção e entendimento dos textos.
    Beijos!

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