Karla estava a observar suas ações pelo computador, quando Maria lhe avisou:
- Senhora os convidados estão chegando. Ela resolveu descer a escada da mansão até chegar ao saguão que estava decorado ricamente para a festa que estava para acontecer. Centenas de convidados estavam presentes no salão principal e muitos ainda chegavam ininterruptamente com suas roupas e carros caros.
Karla Assunção De Menezes Cavalcanti costumava dar festas mensalmente dirigindo com mão de ferro às empregadas e invariavelmente insatisfeita com tudo. Não importava o motivo, Karla jamais pegava leve com a criadagem. Certa vez uma de suas empregadas pediu uma folga para visitar um filho que estava hospitalizado Karla lhe respondeu secamente:
- Você quer uma folga? Então vá embora, mas não volte nunca mais aqui.
- A senhora está me despedindo?
- Não, só não quero que você volte aqui se tirar sua folga, e também não lhe pagarei mais.
- Mas senhora eu tenho três filhos para cuidar sozinha e o que eu ganho já não é suficiente.
- Não ligo para isso, se você quiser uma folga pegue suas coisas e não volte nunca mais e, diga-se de passagem, não me dirija mais a palavra. Essa era a forma "carinhosa" da grande Karla tratar os subalternos.
Seu dinheiro vinha principalmente de seus investimentos na bolsa de valores, principalmente jogava pesado em derivativos e mercado futuro. Com isso, nos últimos cinco anos ela chegou a triplicar o patrimônio.
Não obstante a mansão estar lotada em todas as festas, Karla era uma mulher solitária. Sempre investiu na carreira, jamais tivera um romance longo, não teve filhos, e não tinha sequer um único parente direto morando num raio de mil quilômetros de sua residência. Restava-lhe a turba de bajuladores que a rodeavam simplesmente em razão de sua grande fortuna, contudo, secretamente, quase todos sentiam por ela algo entre desprezo e profundo ódio retido.
Até que um dia caiu a maior bomba do mercado financeiro: Um dos principais bancos de investimentos Norte-Americano quebrou e várias fortunas em todo mundo, num efeito cascata viraram pó. De repente Karla estava leiloando seus bens pessoais para pagar dívidas, e no instante seguinte gradativamente todos foram lhe virando as costas ou até zombando de sua situação. Em pouco tempo ela se viu morando num quarto e sala na zona pobre da cidade, agonizando, doente, sem que ninguém ao menos soubesse de sua situação. Enquanto agonizava Karla lembrava não do dinheiro perdido, mas da forma cruel que ela tratava os seres humanos a sua volta, principalmente os mais humildes. Mas para seu desespero, sua mente parecia se desmanchar gradativamente, como se suas memórias e tudo que ela fora um dia fosse pedaço por pedaço sendo deletada de sua mente, logo ela nem mais sabia quem ela era, seus membros foram tomados de paralisia e finalmente só restou-lhe as trevas. Neste dia Karla Assunção De Menezes Cavalcanti morrera de derrame cerebral sozinha em seu quarto, mas algo pulsante saltou pela boca dela e sobreviveu, seu coração. Este ao sentir-se exposto ao clima do mundo exterior e a claridade da noite de luar já sabia o que tinha que fazer: Fazer o máximo para consertar os erros de Karla. Fixado neste caminho o Coração fez concurso para ser fiscal do trabalho, passou em primeiro lugar e começou sua cruzada contra os desmandos dos poderosos. No sertão desbaratou várias quadrilhas de fazendeiros desonestos que mantinham trabalho escravo, pressionou e puniu várias empresas gigantescas que não respeitavam os direitos trabalhistas.
Em pouco tempo começou a ser manchete nos jornais e virou herói dos trabalhadores. Recebeu convites para ir às grandes festas da cidade e sempre ia só para certificar-se que cada empregado estava sendo tratado com dignidade e respeito aos seus direitos. De repente, nenhum riquinho tinha coragem de convidá-lo nem para um chá da tarde. O Coração além de fama ganhou um codinome: O Coração Denunciador.
Os colegas de trabalho do Coração se roíam de ciúme dele, seu chefe o transferiu para os mais recônditos lugares do estado, no entanto a opinião pública protestava e ele retornava mais forte, sem deixar de devassar e punir os maus patrões por onde quer que passasse. No entanto, certo dia um fiscal corruto envenenara a xícara que o Coração sempre usava para tomar o café de fim de tarde. Enquanto tomava seu cafezinho o Coração refletia que ainda haveria muito a fazer, no entanto de repente ele teve uma parada cardíaca e morreu. Houve uma comoção em todo país. No enterro compareceram incontáveis pessoas de todos os lugares lamentando e prestando homenagens ao grande herói. O seu assassino foi descoberto e preso, mas só foi condenado após três longos anos de processo.
Nesta época o Coração ainda era lembrado de forma saudosa. Mas nem tudo são lágrimas, pois ao morrer, o coração brilhante e energizado com as ações bondosas retornou ao peito da pobre Karla que penava no purgatório, isso a purificou e a elevou entre os espíritos.
By- Adriano Cabral & Adriano Cabral Filho. (Inspirado numa redação escrita por Adriano Filho durante uma prova do sexto ano do ensino fundamental)
Pôxa, história SUPER criativa!
ResponderExcluirFiquei besta mesmo! De onde Dianinho tirou um coração revolucionário desse jeito? =D
Parabéns. Tens talento, viu?
O texto é muito criativo, o desfecho culminando na a redenção de karla através dos atos do seu coração foi genial ^_^ , o coração resolvendo diversos casos também é muito interessante, a gente lê o conto e fica querendo mais ^_^ , tanto que quando a gente lê já imagina diversas situaçoes que poderiam ocorrer, pena que acaba tão rápidoY_Y... eu bem que gostaria de ver mais textos desse escritor por aqui, talento e fã ele já tem ^____^
ResponderExcluirJá diziam os ditados populares.. "tal pai, tal filho". Ótimo texto, e é surpreendente que tenha sido escrito com um co-autor tão novinho.. hehehehe. Nunca deixe morrer nele esse dom. Muito menos a esperança.. de levar à frente a grande honra, e responsabilidade, de ser o último romântico da terra.. ;)
ResponderExcluirSmack!
Esse texto é realmente muito criativo. Impossível mesmo imaginar que alguém tão jovem consegue pensar em algo assim, tão... inusitado. Parabéns e espero em brever ver o blog próprio desse novo escritor! Bjos.
ResponderExcluirLiindo ;D
ResponderExcluirQue fofinho! Pai e filhinhos escrevendo juntos.
ResponderExcluirDianinho vc q vc tem talento eu ja sei, so q eu pensei q fosse mais com os números e com as braçadas =p Muito bem garoto, continue assim q vc irá mto mais longe.
beijinhos da titia Suee.
ta ai gosteei,dianinho eé o cara.Ele sempre gostou muito de ler e agora esta botando suas ideias em pratica. Muito bom adoreei dianinho!
ResponderExcluirabraços do seu primo TÚLIO.
Excelente texto! Dá até orgulho de ver meu ex-aluno escrevendo tão bem... Adorei a riqueza de detalhes e a criatividade. Beijo grande e continue assim Dianinho, pode seguir os passos do seu pai como escritor que você tem futuro.
ResponderExcluir