domingo, 18 de julho de 2010

O LABIRINTO DA LIBERDADE

     
      Sam Lowry vive numa sociedade futurista opressiva que herda o pior do capitalismo (Através do excesso individualista e a obsessão pela juventude e beleza) e o do socialismo (Que se exprime através do totalitarismo, burocracia e das execuções sumárias). Sam encontra em Jill guerrilheira e "terrorista" a inspiração e a possibilidade de fugir de seu mundo. McMurphy é um criminoso que simula insanidade para fugir da prisão e vai parar no manicômio para descobrir, da pior forma, que a prisão poderia ser melhor pois no hospício há a tirânica enfermeira Ratched. Todd Anderson é aluno da renomada escola Welton Academy no final da década de 50. Como todo jovem adolescente, seus pais tem planos para ele e em tese sabem o seria "melhor para o filho. No entanto, Todd encontra no professor Keating inspiração para fugir aos planos dos pais e encontrar seu próprio caminho.

      Provavelmente o leitor cinéfilo já deve ter notado que todos os personagens citados são de pérolas raras da indústria cinematográfica: Brazil - O Filme, O Estranho no Ninho e Sociedade dos Poetas Mortos respectivamente. Todos estes personagens além de serem criação do cinema tem algo em comum: Uma grande e intensa sede de Liberdade. Sam desafia o sistema, tumultua o monstro da burocracia para salvar sua amada e fugir para o paraíso tropical. McMurphy é um criminoso cínico que diante da enfermeira implacável se mostra a figura mais humana e sensível do filme, inspirando e encantando os outros pacientes a serem independentes e conseqüentemente livres. Todd leva o Carpe Diem até às últimas consequências, recusando-se a aceitar o destino imposto pelos pais e deixando-se impregnar pela sedução irresistível da arte. Mas será que é realmente possível ser livre neste mundo? A ficção parece discordar, pois nos casos citados dois personagens só encontram a liberdade através da morte e um deles na loucura. Mas aí vem a questão mais incômoda: O que é ser livre afinal. Cícero, aquele mesmo que armou a morte de Júlio Cézar, definia a liberdade de forma paradoxal: Somos escravos do Direito a fim de sermos livres.
      Na obra V de Vingança o personagem principal lembra de como a turba no final das contas sempre estará ansiosa para que alguém ordene o que ela tem que fazer. Em Manderlay (Continuação de Dogville) os escravos se revoltam quando são de súbito libertos e exigem ser cativos novamente. Portanto, parece-me o exercício completamente inútil tentar definir o que é ser livre ou o que venha ser liberdade. No máximo ouso dizer que a liberdade, como todas as coisas extraordinárias da existência, é nada mais nada menos que um sentimento, e como todo ele, algo bem pessoal.
      Mas parece que assim como se teme tanto o amor, os seres humanos que repetem a ladainha de prezarem e lutarem pela própria liberdade, lá no fundo sentem profundo terror com a simples idéia que de fato, possam um dia serem livres.

by- Adriano Cabral

9 comentários:

  1. Eu saia sempre do pressuposto de que a minha liberdade era poder ser o que eu quisesse ser. Mas aí eu me perguntava: o que eu realmente quero? por que eu quero o que eu quero? então me vinham um milhão de pensamentos... Pra começar, eu não escolhi onde nascer, nem meu nome, nem meus pais e nem sequer eu tinha uma existência anterior capaz de fazer essas escolhas e de ter um mínimo de noção de liberdade. Nessa linha de pensamento, eu acabava sempre num beco sem saída...
    E aí deixava pra lá e ia ler um livro, que talvez eu nem tenha escolhido de fato, rs.

    Viver em liberdade completa, ainda não conheci quem vivesse, até porque a liberdade completa de um quase sempre esbarraria na do outro...
    O que posso dizer é que conservo libertas o máximo possível de partes de mim e que às vezes tenho experiências de liberdade. São o que vale a pena.

    Quanto à parte final do seu texto, a castração da liberdade... É, quando alguém dita o que se tem que fazer, nos livramos do trabalho de pensar, da responsabilidade pelas consequências e do peso de ter poder. Eu não admiro quem está em gestão de grandes eventos, em prefeituras, presidências ou em centros acadêmicos(haha), mas admiro quem está na gestão da própria vida. É mais fácil pegar o caminho que já foi trilhado, é fácil se deixar estar na área de conforto, pegar o ônibus lotado e de linha certa, em vez daquele em que ninguém nunca entrou. Há também quem fique na parada. Mas não será que liberdade é poder escolher entre uma das três formas? Não podem existir outras? E não já será clichê dizer que este ou aquele caminho está correto?

    Bem, eu dou-me a liberdade de não ter certeza.

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  2. "Somos escravos do Direito a fim de sermos livres." refletindo...

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  3. A liberdade que está enraizada em nossas mentes pressupõe fazermos o que quisermos sem nos importar com nada nem nimguém...mas é preciso caminhar sozinho, essa suposta liberdade exigi um preço, se vc age sem se importar com nada nem nimguém vc não terá nimguém em quem confiar e não poderá confiar em nimguém e o sistema era ruir e será o fim da sociedade como a conhecemos XDDDDD... dexa eu voltar pro modo sério... essa definição está errada, talvez liberdade seja realmente como o autor falou é um sentimento, estamos presos a uma infinidade de coisas religião, valores, trabalho, pessoas, mas em alguns momentos a cela é tão desejada que suas paredes se desintegram e as grades se tornam o caminho para liberdade, e por um breve momento sentimos o que é ser livre, e pode ser breve, mas como ja dizia o mestre pagodeiro que seja eterno enquanto dure ^_^

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  4. E não já será clichê dizer que este ou aquele caminho está correto?

    Ah acho que isso me lembra aquele texto O que é preciso... nem preciso continuar né?XD .. não sei Anala, talvez vc tenha razão liberdade também pode ser poder escolher entre seguir o caminho que ja foi trilhado ou navegar por mares desconhecidos, mas no momento da escolha nunca nos sentiremos livres, não sabemos o que deixamos para tras... ahh se pudessemos trilhar os dois caminhos, mas essa escolha não nos é permitida o tempo nos rouba a liberdade nos condenando a conviver com nossas ações...
    só Hanna Montana pra unir o melhor dos dois mundos... apesar que as vezes penso que isso é possível sim... mas é aquela coisa se vc tentar juntar dois caminhos, duas escolhas opostas vc realmente conseguirá viver as duas? enfim talvez sim, talvez o ideal seja criar um terceiro caminho... bom mas isso já é outra história e eu ja sai do assunto...

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  5. fico feliz que tenha gostado do meu trabalho.. assim como gosto do seu.. nao existe ignorantes nas artes plasticas.. apenas o sentimento e isso é inerente a todos nos.. arte nao se racionaliza apenas voce sente!!
    beijos

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  6. Mas parece que assim como se teme tanto o amor, os seres humanos que repetem a ladainha de prezarem e lutarem pela própria liberdade, lá no fundo sentem profundo terror com a simples idéia que de fato, possam um dia serem livres


    baseado nisso, devo supor que somente com a certeza daquilo que se é que podemos fazer as escolhas que nos levarao a uma liberdade total.. o medo e a ignorancia é que nos prendem.. mas quem aqui tem plena certeza do que é e do que se quer??eu ainda nao conheço ninguem assim

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  7. Katharina, talvez seja por causa desse imponderável que ninguém consegue definir o que seja liberdade. Acaba mais para um sentimento pessoal. Realmente...só pensando...rs rs rs vc me pegou.

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  8. baseado nisso, devo supor que somente com a certeza daquilo que se é que podemos fazer as escolhas que nos levarao a uma liberdade total.. o medo e a ignorância é que nos prendem..
    são as consequências dos nossos atos que nos prendem e que nos fazem seguir ou parar, estas são as verdadeiras amarras e vc pode até prever algumas consequências, mas é impossivel controlar os desdobramentos das suas ações no mundo, isso me faz pensar que se tivessemos o controle, o poder talvez fossemos livres... mas por outro lado a consciência deste poder traz consigo responsabilidades das quais não podemos fugir ou teremos que encarar ...as consequências..., enfim chego a conclusão que o que nos prende não é a dúvida de não saber tudo o que se quer, mas sim a certeza de que não se pode ter tudo o que se quer...talvez fosse o caso de duvidar mais e se preocupar menos

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  9. realmente a liberdade citada é possível de ser conquistada somente com a morte =x pq se todos fossemos livres REALMENTE p fazermos TUDO, pra que existiriam tantas leis?
    =*

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