sábado, 31 de outubro de 2009

A MORTE DO SANTO


O Santo estava só na cama. Tudo estava claro, mas ele sabia que em breve a escuridão iria tornar-se suprema e a vida deixaria de fazer sentido, pois ele deixaria de existir. Todos estavam orando na sala contígua ao quarto do Santo. Naquele momento, ele estava só. Chorava. Foi a primeira vez que tivera chance de chorar. Não queria que as pessoas que acreditavam nele o vissem daquele jeito, fraco diante do mistério, mistério que para ele muita vez parecera apenas mais uma porta aberta. Mas na sua hora as lágrimas jorraram, pois tinha medo. Sentiu a aproximação de alguém, enxugou as lágrimas rapidamente escondendo sua cabeça no lençol. Ao escutar a estranha voz feminina, ele deixou-se ver, ainda com olhos vermelhos.
— Não precisa mais chorar. Disse ela sorrindo com a voz terna.
Ela caminhou para mais perto e sentou-se numa cadeira ao lado da cama do Santo. Era uma menina ou mulher que aparentava ter cerca de vinte anos, tinha a pele muito alva, sobretudo a tez. Seus olhos eram negros, assim como os longos cabelos. Trajava uma calça jeans e uma camiseta azul com um nome rubro: Forever. Era muito bela a menina.
O Santo foi logo lhe dizendo que não estava chorando, perguntou-lhe quem era e como havia entrado ali. Sentiu que já a conhecia, aquele sorriso lhe era muito familiar. Ela parecia adivinhar-lhe os pensamentos e naquele exato momento assentiu com a cabeça sorrindo mais ainda como se concordasse com suas reflexões.
— Quem é você, criança?
— Ora, o senhor sabe muito bem quem sou. Já me viu várias vezes, falou de mim por tanto tempo que já me considero sua parenta.
— Sinto muito criança, mas jamais te vi. O que queres?
— Que decepção, tinha certeza que o senhor me reconheceria, mas... É a vida né? Dê-me a mão e vamos...
— Vamos? Para onde? Estais maluca criança, daqui não vou a lugar nenhum mesmo se quisesse. Não vês que meu corpo definha, que minhas carnes apodrecem mesmo quando ainda estou vivo, que jamais sairei desta cama com vida? Vieste zombar de mim? Queres que eu vá? Para onde? Disse o Santo quase conseguindo sorrir da proposta da menina.
— De onde vou te levar eu bem sei, mas para onde vais, até para mim é um mistério.
— Se esta é uma brincadeira, ela nasceu sem graça, quem és?
— Uma pergunta fácil, mas de tão difícil resposta. Não sei por que, me dão tantos nomes, mas podes me chamar de Letha. Vim levá-lo, mas, antes, quero conversar consigo.

A face do Santo se transmudou, ficou pálido. Ficou a refletir quem seria o autor de tão pérfida peça. Os pensamentos dele foram interrompidos pela voz da menina que disse:
— Não há perfidez em meus atos e não se trata de uma brincadeira. Diga-se de passagem, levo meu trabalho a sério, raramente falho, mas nem tudo depende de mim. Como eu sei o que você está pensando? Não, não sou nenhum demônio, na verdade nem sei se eles existem. Eu por exemplo nunca vi um. Olha, se o senhor se sentir melhor, pode falar, mas se não quiser pode só pensar mesmo, eu entenderei.
— Então é você mesma? Meu Deus! Como você é diferente. Eu queria fazer algumas perguntas á senhora...
— Por favor, senhor, nada de formalidades, não quero sentir-me velha. Podes me tratar por tu.
— Sangue de Cristo! A senho... Quer dizer... Você poderia deixar para depois? Deixar-me mais um tempinho aqui? Disse o Santo entre lágrimas.
— Mas meu senhor, por essa eu realmente não esperava. Mas não é o senhor que viveu sem pecado, foi bom filho, bom irmão, dedicou toda sua vida à caridade e ao perdão, realizou prodígios vários, como curar doentes, fez chover, multiplicou o pão assim como a nazareno. Não foi o senhor que sempre pregou a vitória sobre a morte e a vida eterna? Não foi o senhor que afirmava conversar com os mortos? E que já consolou tantos da dor da perda?
— Foi sim. Disse o Santo com a voz sumida entres soluços.
— E como agora fica desesperado? Chora como um descrente diante de mim? Como agora vem me implorar para que não o leve? Onde está sua fé agora?
— É que... O Santo não cessava de soluçar. É que... O Santo cerrava os punhos, deitado na cama, ansiava por ter forças para se ajoelhar. Eu, agora diante do fim, não tenho mais certeza de nada. Será que realmente fiz o que fiz? Será que realmente falei com os mortos? Até onde vai a realidade e o que apenas quis ver? As curas eram poder divino ou apenas a força de meus pensamentos? Passei a minha vida inteira crendo que sabia das coisas, que essa hora para mim seria serena, mas agora, diante disso tudo, tenho medo que tenha vivido numa lusão, que tudo que eu fiz tenha sido obra de minha mente que buscava acreditar na minha própria mentira.
A menina parecia confusa com as palavras do Santo e repensava que realmente por esta ela não esperava, o Santo continuava.
— Mas você pode me ajudar, você deve saber o que há do outro lado do mistério, por favor, pelo amor de Deus (se é que ele existe, pensou baixinho) dê-me um consolo, faça-me caminhar de peito aberto para Jesus. Diga-me: como Deus criou as coisas, por que há o mal, por que todos morrem, por que tanta dor?
Se isso é possível, ao escutar tal pergunta vinda do Santo, Letha ficou pálida de espanto e foi respondendo, mas as palavras saíam agora com dificuldade.
— Sinto lhe informar, mas não sei de nada, creio que sei menos que você.
— Mas isso é um absurdo, só através de você é possível se saber alguma coisa... Isso é uma loucura. Rosnou o Santo já em desespero.
— Absurdo? Você vem me falar em absurdo? Essa é boa! Eu venho aqui procurar um Santo e o que vejo? Um velho com medo de morrer... Não, meu caro, eu não sei de nada. Ignoro por que o mal existe e nem sei o que é o mal, nem tão pouco tenho noção do que venha ser o bem. Vocês humanos e, sobretudo, os senhores Santos é que deveriam saber distinguir bem o que são essas coisas e o porquê delas. A dor? Eu não sei o que é dor nem prazer. Talvez um não exista sem o outro... eu? Ah nem sei por que existo, só sei que há muito tempo, não sei o quanto, faço meu trabalho e sou temida por todos os seres vivos. Fazem uma péssima imagem de mim. Mas que culpa tenho? Não entendo por que existo nem sei se algo me criou, só sei que faço o meu trabalho e não consigo parar de fazê-lo. Estou em toda parte, nunca cesso, nem um segundo de descanso e ninguém tem dó de mim, mas tão somente terror ou ódio. Eu não sei de nada, só sei que existo e minha função é essa e dela não posso fugir, tenho apenas que conviver nesta solidão, nesta angústia eterna de nada saber, invejando vocês que têm a chance de partir enquanto eu estou condenada a trabalhar para todo sempre.
— Mas... E os milagres, e Jesus, você não conseguiu pegá-lo... Ele te venceu.
— Olha, para falar a verdade minha memória é péssima. Pense em quantos seres eu já vi e conheci. Mas é claro que deste em específico eu não posso me esquecer. Não me lembro bem o tempo. Só sei que na hora em que fui visitá-lo ele estava implorando pra que eu não o levasse, clamou para que fosse afastado dele o cálice do fim. Contudo, mesmo deixando-o por mais algum tempo, era inevitável chamá-lo, ele tinha ciência disso. E sabe o que ele fez na hora derradeira? Implorou novamente, estava na cruz e chorava copiosamente, dizendo que tinha medo, que o pai dele o havia abandonado. Sabe o que é pior? Eu também havia acreditado nele, pensei que ele era o filho de algum Deus, pensei que na hora em que fosse buscá-lo finalmente estaria alguém me sorrindo de braços abertos, pois ao menos este sabia que retornaria... Mas qual nada! Se ele retornou? Não sei, mas devo lhe adiantar que até hoje não houve ninguém que voltou. Ninguém mesmo, pelo menos que eu saiba. O Gautama, que vocês chamam Buda, quando me viu abraçou-me chorando convulsivamente, poderia ser medo, alívio, felicidade, jamais saberei por que ele nada disse nem pensou. Maomé, muito altivo, pediu-me gentilmente para levá-lo ao outro lado, mas eu não sei como ir para lá, tantos outros, mas... Nada. Nunca consigo lembrar onde os deixo. Gostaria muito de saber para onde vocês vão. Se é que existe algum lugar. Eu sei que você é uma pessoa especial, são poucos igual a você. Em todos eles busquei a resposta para minhas perguntas, mas nunca tive resposta.
— Mentira, você é uma mentirosa, você é uma demônio travestido. Veio aqui para enfraquecer a minha fé. Não, há sim outro lado, há luz, eu sei que há, tem que haver senão nada teria sentido...
— Já imaginou se a natureza quer que alguma coisa faça sentido? Já imaginou que talvez ela não se importe e que não temos a quem recorrer?
— Não acredito em ti. Vem, vem que agora não tenho medo. Vem... Completou o Santo entre lágrimas que agora eram abundantes.

Letha sorriu compassiva e estendeu a mão para o Santo dizendo:
— Você é um bem aventurado, sua fé é tão grande quanto o nosso senhor imaginava, esta foi á última provação da tua crença. Jamais vi fé tão grande e tão pura. Vem comigo que o senhor teu Deus te espera de braços abertos...
E sorrindo, o Santo morreu.
Letha permaneceu no quarto por algum tempo. Se ela tivesse lágrimas estaria chorando. Mais uma vez ela teria que ir, seguindo sem sentido, mas uma vez, ela iria sem resposta. Como todos os seres, ela não sabia para onde iria. Mas neste dia ela soube ao menos o significado da palavra: Piedade.


Adriano Cabral

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

NÃO É FÁCIL



Terminar uma história não é fácil

Não é fácil dizer adeus e pensar que esse adeus pode ser pra sempre
Não é fácil abandonar um sonho, uma semente

Não é fácil desaprender os gestos, as caras e bocas,
Calar as mais sinceras palavras
E não continuar a escrever o desejo do coração
E a história vai chegando ao fim
Não é fácil secar as flores
Não é fácil fingir um não
Não é fácil fechar o livro na metade
Não é fácil escutar a razão

Pra um coração que guarda infinitas esperanças
Um coração que vive e sonha
Acreditando na pureza, na grandeza do sentimento mais simples
Nas conquistas eternas
Nos dias claros e nos dias escuros
Nas noites frias e nas noites quentes

Um coração que vê vida em tudo
Um coração que desafia o mundo
E não tem medo de perder

Mesmo sabendo que não vai ganhar
Não é fácil arriscar o ultimo suspiro
Não é fácil encarar o mesmo sorriso
E não vê o que se via

E não sentir a mesma fantasia
Lembrar de preenchidos dias
E não continuar a escrever
Por que a história chega ao seu fim

Quando nosso coração cansa de lutar sozinho
Os sonhos vão esvaindo em solidão

Mesmo que não seja fácil
Não voltar atrás
Dizer nunca mais
Olhar no teu olhar e me ver indo embora

Deixarei o meu coração
Nos lugares que mesmo sem querer
Sempre me encontrarás
Assim como eu encontro você!

By- Julianne Melo

domingo, 25 de outubro de 2009

SEGREDOS DE UM SER ROBOTIZADO PARTE 1

Como sabes que o amo meu amigo?
Seriam as muitas estrelas que á noite em palestra contam tudo pra você?
Ou tens o dom de discernir meus sentidos que tanto ás vezes
Sufoco
Escondo
E nem ligo?

Como sabes que o amo? Como sabes meus segredos se eu nunca te contei?
Será que as muitas estrelas que á noite contigo conversam também te dizes que sou um ser robotizado?
E mesmo sendo robô também as entende?
Dizem-te que um ser robotizado também sofre, e sofre muito mais por sofrer calado?
E que nas noites, sozinho em seu quarto também verte lágrimas de ferrugem?

Será que as muitas estrelas também te dizem que eu sei que viver por viver assim sem tua presença a felicidade parece algo impossível?
Mesmo assim, eu te digo
Não me procure
Não me olhe
Não me ame
Não tente me entender.

Autora: Helena Souza

Quer descobrir como surgiu esse poema? leia a continuação logo abaixo.

SEGREDOS DE UM SER ROBOTIZADO PARTE 2



- O que você tem pra falar comigo?
- Poderíamos ir para um lugar mais...Privado?
- Eu não me lembro de ter absolutamente nada para falar contigo que exija privacidade. Ao dizer isso ela deu uma risada estrondosa que foi acompanhada por um pequeno grupo que a rodeava. Fiquei paralisado por alguns instantes, vergonha, medo, angústia, desespero, pegue tudo isso e ponha no liquidificador da impotência e então talvez você tenha uma vaga idéia do que estava sentindo.
- Você acha justo me tratar assim na frente de todo mundo? Indaguei com a voz trêmula, fraca que saiu da minha boca mais como um apelo do que uma pergunta. Ao ouvir-me ela voltou-se para mim com brasas nos olhos, mas a voz que saía dela era cruelmente plácida:
- Eu não tenho absolutamente nada para tratar com você. Pare de me fazer passar por ridícula diante de meus amigos. Pare de me perseguir, pare de me ligar, pare de ir á minha casa, enfim tenha o mínimo de vergonha na cara, dignidade e desapareça. Se existe alguma coisa dentro de você que ainda goste, não me dirija à palavra seu maluco.
Estas últimas palavras soaram para mim como uma sentença de morte, senti todos os meus membros se debilitarem, faltou-me ar, meus olhos ardiam e um líquido começou a brotar deles, as minhas cordas vocais não tiveram forças para dizer mais nada, apenas vi a pequena figura ir embora sorrindo com seu séqüito. Como é possível que as palavras possam ter um efeito tão esmagador sobre uma pessoa.
Parece que foi ontem, mas já se passaram meses quando eu e Helena estávamos numa festa. Ela praticamente foi “forçada” a ir diante dos meus insistentes convites. Adorava-a como amiga. Era evangélica, de uma dessas denominações que considera a maioria das coisas é pecado. A mãe morrera há alguns meses, residia com uma das irmãs, éramos vizinhos e seu pai morava em outro bairro distante. Naquela noite ficamos juntos o tempo todo, só nós. Ela tentou me beijar, eu recusei, porque? Contaminado pelo romantismo alencariano[1] só queria beijar a mulher da minha vida, nada mais, nada menos. Portanto, antes do primeiro beijo eu tinha que ter certeza que ela seria o amor de minha vida. Apenas nos abraçamos. Pela manhã acordei ouvindo pássaros, o dia estava mais bonito, senti-me abençoado pelo amor. À tarde fui a casa dela, queria beijá-la, no entanto ela partira para residência paterna deixando bem claro para irmã que não queria ser encontrada.
Helena voltou muitos meses depois enquanto eu alternava entre o desespero e euforia, sentindo-a hora longe hora bem distante apenas aguardando o reencontro. Mas a minha doce Helena não retornara, e sim uma mulher fria, dura, ácida, insolente e não raro mal educada.
Todas as minhas tentativas de aproximação foram vãs, ou eram ignoradas ou rechaçadas de forma dura. Todos no bairro já sabiam do rapaz “boboca” que era rejeitado pela irmã da assembléia de Deus. A minha mãe detestava Helena mesmo sem a conhecer, que mãe vai gostar de alguém que faz seu filho sofrer?
Chovia torrencialmente e eu acabara de bater bola com os amigos, estava enlameado da cabeça aos pés, mesmo com a dificuldade de enxergar por causa do dilúvio consegui ver na janela do primeira andar a figura de Helena que estava parada como presa a uma moldura. Não resisti e entrei em seu jardim oculto pela vegetação. Ela naquele momento lembrava a minha Helena, olhar plácido, doce e ousaria dizer que seus pensamentos estavam em mim. Enleado por esse momento comecei a declamar em voz alta o poema Via Láctea[2], ao ouvir minha voz seus olhos encontraram os meus e da sua boca soprou um sorriso, nele fui tragado para dentro dela e ela para dentro de mim e enquanto a chuva castigava a terra o céu era como um pálio aberto onde só se via estrelas ofuscadas por dois astros que cintilavam mais do que qualquer nova, nutridos pelo infinito poder do amor.
Mas o que te interessa é saber que estamos de volta ao momento em que fui morto pela até então minha adorada e amada Helena. Fiquei horas lá, parado, não sei se de pé ou sentado tentando encontrar o que restara de minha alma, e porque não, dignidade. Quando me ergui vi ao longe a maldita sentada no banco da praça sozinha, olhos baixos. Aproximei-me dela velozmente, queria também ferí-la tentaria dizer algo odioso, queria vê-la chorar, queria sentir ela sofrer tanto quanto eu, queria matá-la de dentro de mim, deveria odiá-la. Quando cheguei bem perto e gritei seu nome ela fuzilou-me e mais uma vez fui paralisado. Não, não foi ódio nem de desdém que encontrei naquele instante, e sim amor e dor. Numa ebulição de euforia, medo, dor, alegria e dúvida fiquei indagando repetidamente se ela me amava. Ela desviava o olhar sem cessar, cada pergunta parecia violá-la de alguma forma, parecia desnudá-la a força, ela tentava fugir do meu olhar e acabou efetivamente fugindo para o meu desespero. Mais tarde procurei amigos para me consolar, destacava todas as tintas ruins daquele “relacionamento” e eles obviamente faziam coro para eu deixá-la de lado. À noite, só no meu quarto, não pude conter as lágrimas. Minha mãe ouviu meu lamento, entrou no quarto e abraçou-me. Eu também a utilizei como suporte para me livrar daquele amor que doía tanto. Era mais fácil fazer com que os outros a odiassem e repetissem pra mim que ela não me merecia, afinal, quem realmente vai entender o que se passa entre um casal apaixonado a não ser eles mesmos? A campainha gritou, minha mãe foi atender, fiquei no quarto. Ela retornou gaguejando, dizendo que não era ninguém, insisti em saber, ela a contragosto disse que era a menina maluca que fazia seu filho sofrer, mostrou-me uma carta que acabara de ser entregue pela maluca estava assinada: Helena Souza. Na carta estava o poema.
Só tive notícias dela cinco anos depois. Alguém começou a ligar-me sem se identificar e dizia querer apenas ter o prazer de ouvir a minha voz. Com o tempo ela se revelou e disse que estava casada há quatro anos, contudo, jamais deixara de pensar em mim. Tentei entender o porque dela ter fugido e ela resumiu: Nunca acreditei que alguém pudesse me amar tanto e que eu merecesse ser tão feliz, por isso tive medo e fugi, claro que não era isso que dizia pra mim mesma na época, só tentava ver defeitos ou me apegar a mágoa de ter sido "rejeitada" por ti no início.
      Creio que deve ser muito triste passar uma vida inteira sem jamais ter encontrado um grande amor, mas tenho certeza que deve ser muito mais cruel encontrar e simplesmente deixá-lo ir, seja por insegurança, seja por pânico apegando-se desesperadamente as mágoas e nela encontrando forças para sufocar os bons sentimentos, sejá lá pelo motivo que for.
Ela deveria ter entendido as estrelas, deveria ter compreendido que no final das contas, alguns encontros são tão raros e valiosos que pouca coisa deveria ser capaz de causar o desencontro, e que, ficarmos efetivamente juntos era a única coisa que realmente importava. A única.
Desliguei o telefone e ficamos em silêncio.

[1] Referência ao escritor cearense José de Alencar, uma da figuras máximas do romantismo brasileiro.
[2] Poema de Olavo Bilac, fala de alguém que todas as noites se comunica com as estrelas por sentir e entender o amor. Nota-se que o poema “segredos de um ser robotizado” é inspirado no do poeta parnasiano.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

TWITTER - O QUE ESTÁ POR TRÁS DA FERRAMENTA, AGORA A PALAVRA DO CRIADOR



Há alguns dias postei um pequeno "artigo" especulativo do que estaria por trás da "nova onda do Twitter". Confesso que não obstante os dados apresentados tudo, até então, não passava de meras ilações deduzidas através de construções argumentativas lógicas depreendidas do meu ponto de vista. Isso gerou um certo debate, tanto aqui como em algumas comunidades de orkut, uns concordando, outros discordando completamente da idéia que o Twitter seria nada mais nada menos de que um instrumento de publicidade barata travestido de Rede Social ou mais um "inocente" modo de se expor desnecessariamente e "sinteticamente". Agora vai abaixo a palavra do criador do Twitter corroborando as minhas especulações. E você tem ou mantém o Twitter porque?

Internautas vão descobrir fórmula para ganhar dinheiro com Twitter, diz criador do site
Rodrigo Flores
Jack Dorsey, 32, é um homem de poucas palavras. Tímido e objetivo, na avaliação informal dos que puderam dividir jantares e mesas de bar com ele no último final de semana na Cidade do México, durante a segunda edição da Alliance of Youth Movements, evento que reúne especialistas em tecnologia e jovens engajados em causas sociais pelo mundo.
Das poucas palavras de Jack surgiu em 2006 o Twitter.com, um site que permite a publicação de mensagens com no máximo 140 caracteres. Três anos depois, o Twitter é um fenômeno mundial e a rede social que mais cresce no Brasil.
Jack Dorsey: "Uso muito os serviços por SMS. Sigo 25 pessoas pelo SMS, e recebo uma mensagem sempre que eles atualizam. Para todas as outras pessoas que eu sigo pela web ( 670), geralmente eu verifico atualizações a cada hora"
Mas Jack Dorsey tem muito a dizer. Pelo menos, é assim que pensam os seus mais de um milhão e trezentos mil seguidores no twitter. No mundo virtual que ele criou, Jack é mais popular que o ator e político Arnold Schwarzenegger, que o cantor Lenny Kravitz e que a tenista Serena Williams. E o número de seguidores cresce diariamente.
De olho na receita
Apesar da popularidade do serviço, Dorsey ainda persegue a fórmula que fará do Twitter um sucesso comercial. "A companhia está focada em fazer dinheiro. Nós precisamos pensar assim", afirmou. A solução, segundo ele, deve surgir da própria comunidade de usuários do serviço. "Queremos soluções que fortaleçam a comunidade e tragam mais pessoas."
De olho em formas de monetizar Twitter, Dorsey defendeu inclusive os usuários que recebem dinheiro de empresas para publicar mensagens, o chamado tweet pago. "Acho útil que as pessoas estejam fazendo isso", afirmou. Questionado sobre parcerias com operadoras de telefonia para dividir a receita obtida com SMS e outros serviços, ele argumentou que o modelo não se sustenta no longo prazo. "Não é o modelo que queremos. Depender das operadoras não é uma boa."

FONTE: UOL  LINK: http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/2009/10/21/ult4213u863.jhtm

domingo, 18 de outubro de 2009

SÓ, AS VEZES.


Já faz séculos que a gente não se vê
Mas ainda, na calada da noite escuto sua voz no meu ouvido, então meu coração,
Só, às vezes, se comprime em meu peito.


Eu não ligo mais pra isso tudo,
Hoje o tudo é nada,
E nada vai fazer o tempo voltar pra trás.
E não é isso o que eu quero.
Já faz tempo que a gente não se fala
E quase esqueci daquele beijo...

Já houve outras, outras pessoas...

Mas quando eu passo naquele lugar, e está tudo vazio, lembro daquele momento em que num beijo quase fomos um, e

Só, às vezes sinto um pouco de saudade de você.

Já faz muito tempo que não passo o dia inteiro com você dentro de mim

Agora outra pessoa ocupa seu lugar. Mas às vezes fico na tolice em comparar e

Só, às vezes, lembro que nada foi tão divertido, intenso, marcante, insano e mágico como eu e você.

E talvez numa noite fria, trancada no meu quarto, bate uma angústia difícil de suportar,uma dor que eu todo dia tento pensar que foi esquecida, mas ela vem, forte e desespera, é a dor de não mais estar ao teu lado escrevendo novas histórias.

Então tento recordar de outras dores, das lágrimas, das palavras duras, das acusações, seleciono cuidadosamente tudo de ruim que fomos acrescento o que nem aconteceu, preciso desta dor, e ao sentí-la,

Só, às vezes isso me consola.

Já faz tanto tempo, que nem me lembro mais

Tudo coisa de criança, delírio de alguém que não sabia como andar,

Deixei as dúvidas para trás e caminho a passos largos para o futuro certo.

Só não entendo, se ainda depois de tanto tempo,

Só, só às vezes, sinto tanta vontade de chorar...
...e choro.

Adriano Cabral.

domingo, 11 de outubro de 2009

Twitter - O QUE PODE ESTAR POR TRÁS DESSA NOVA "MANIA"



Twitter, na tradução livre do inglês para o português, significa pronunciar uma série de pequenos sons, como um pássaro. É uma das novas "manias" da internet, a princípio uma inocente ferramente de comunicação onde as pessoas podem conversar umas com as outras limitando o papo a 140 caracteres. Lembra um pouco o blog, mas a limitação de números de caracteres diferencia-o bastante dele. Seria o blog dos preguiçosos de ler e escrever? Ou apenas uma versão "dinâmica" do orkut? Lembra muito os velhos bate papos, a exemplo do IRC, só que este não expunha tanto os usuários.
Eu não sei explicar a natureza da ferramenta, mas posso tentar explicar pra que ela exatamente serve. Praticamente todos os meios de comunicação falam do Twiitter, exaltam suas qualidades, apontam sua eficiência, exageram sua importância. Toda hora temos uma notícia falando do Twitter e sempre perguntando ao leitor ou ouvinte: Quando você vai aderir a "nova onda". Mas porque isso? Simples, o Twitter vem se tornando o meio mais barato e eficiente de propaganda das grandes empresas. Até 2008 36 das 100 maiores empresas dos Estados Unidos aderiram. Aqui no brasil "todo mundo" está tentando aproveitar a oportunidade de contato direto com o consumidor de forma barata e eficiente desnaturando sua função pura de ser mais uma rede social.
Pear Analytics instituto de pesquisa norte americano constatou que, não obstante as tentativas dos conglomerados de explorarem o Twitter, 40% do que é enviado na rede é classificada como bobagem, e apenas 8% como de alto valor.
O fato é que o Twitter, na minha opinião, é uma forma de exposição desnecessária da nossa intimidade e do dia a dia ou apenas um grande spam para grandes empresas. Mas o efeito manada continua, e a rede no brasil cresceu cerca de 900%.
Vivemos uma era onde as pessoas estão cada vez mais isoladas ocupadas com seus estudos e trabalhos sem fim e até mesmo grandes amigos resumem seu contato com o próximo através de sms ou Twittando. Selton Mello relatou que entrou em depressão de tanto viajar fazendo filmes, longe da família e de amigos. Provavelmente, se não fosse o testemunho do mesmo, todos só o veriam como uma figura exemplo de sucesso.
Você já aderiu ao Twiitter? Eu respondo por mim, não aderi ainda nem jamais vou aderir. A não ser que tenha algo para vender.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

AMOR ANTES DA PRIMEIRA VISTA




Descobri hoje que estou amando. Foi quando ao acordar, tive a invencível necessidade de ir até a janela em busca do mar azul ou verde que nunca contemplei, a não ser em meus sonhos. Foi quando na madrugada vazia, onde todos dormem, nós estávamos acordados, a sós, mas juntos, na solidão de nossos quartos falando palavras mudas, mas cheia de sentimentos que gritavam e tocavam nossa pele, entravam em nossas narinas.

E o que é o amor senão a luz invisível que está contida dentro de uma outra pessoa, luz só nós vemos. O que é o amor senão ansiar pela presença, se regozijar em sentir o sorrir da pessoa amada, mesmo que o sorriso às vezes seja de outro ...

Descobri hoje que amo. Foi na madrugada, quando OU-vi as lágrimas descerem do azul ou verde mar, queimar a face macia, e desaguar no chão estério. Foi quando ou-VI palavras mudas que me falavam da dor que é amar, do sofrer que é amar, da solidão que é amar. Estávamos sós, juntos, em comunhão, ligados por uma força desconhecida, mas não pude pegar em sua mão, confortá-la, só balbuciar algumas palavras sem poder conter o vulcão de lágrimas em chamas. Restou-me apenas sentir em minha pele sua alma que se desmanchava diante da janela...

O que é o amor senão o sofrer, o morrer, o caminhar ébrio para uma felicidade eterna que SEMPRE acaba? O que é o amor senão arrancar a pele, se despir da moral, da vaidade, de si mesmo, e se jogar num precipício sem fundo?


Descobri hoje o amor. Foi quando senti saudades de alguém que nunca vi, e provavelmente nunca verei. Foi quando busquei na janela seu olhar e só vi o frio, o plástico vidro metal. Mas ela estava ao meu lado, estava junto de mim, então eu pude naquele momento ser feliz.
O que é o amor senão o prazer de estar ao lado? A sensação de que alguém especial está ali com vc para sempre. Sentir que alguém que um dia alguém sonhou, alguém que veio ao mundo para me ver, só isso, está ao meu lado... eu não sei que amor está agora contido em meu peito só sei que amo.

Amo e descobri hoje, eu sei que ela vai estar lendo agora estas palavras e pensando, se será possível esse amor. Ele é possível e existe, só que está fadado a permanecer sozinho longe, longe... do seu lado.

Amo e não tenho coragem de olhar na face! na verdade não há face, não há o poderoso olhar...

Apenas vidro, metal e plástico. E um raio cruzando os oceanos agora só pra te dizer que te amo.

Olho e sempre estarei na janela, esperando tu aparecer... mesmo sem nunca te ver...

Vivo Na Ira de amar....

Adriano Cabral 1998