quarta-feira, 20 de maio de 2009

ESTAMOS COM FOME DE AMOR


Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô, gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à Dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz.



Texto atribuído a Arnaldo Jabor

4 comentários:

  1. É quase uma DOENÇA pós-moderna: cuide de si mesmo, cuide de sua carreira, deixe essa história de amor para depois, você ainda é jovem tem a vida inteira pra frente e...
    Bem, qual é o sentido de ter sucesso se não podemos partilhar com aqueles quem amamos? qual é o sentido de chegar ao topo da carreira se para isso tivemos que deixar de lado pessoas que poderiam nos levar ao topo da "carreira" emocional?

    Será que o sucesso "profissional" é realmente algo individual ou mais uma "febre" e "moda" do capitalismo moderno onde temos que sacrificar, amigos, família, namoradas e esposas tudo para "ser bem sucedido"?
    Enfim...

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  2. Concordo com você Adriano, é quase uma doença pós-moderna, o capitalismo gira em torno do dinheiro e as pessoas "precisam" acompanhar este ritmo. Hoje em dia as pessoas mal iniciam o ensino médio e já pensam em fazer vestibular para algo que vá lhe render um excelente futuro profissional, mesmo que esta escolha não seja a que a pessoa realmente gostaria de fazer, ou sentiria prazer em fazer, mas se vai dar dinheiro é isto que importa. Durante a faculdade estuda e trabalha, não tem tempo pra lazer nem muito menos pra dedicar a outras pessoas. Finalmente um profissional a mais no mercado, talvez até bastante competente, mas falta-lhe algo que poderia ter sido construido durante anos antes - AMOR. Assim como fala um amigo, a única certeza que todos nós temos é que um dia iremos morrer, e quando este dia chegar não poderemos levar nada. Então, porque lutar por tantas coisas materiais e esquecer-se do principal - VIVER? De nada serve todo o dinheiro do mundo se não tivermos com que gastar, acredito que o bom é lutar, trabalhar sim, mas aproveitar do suor do labor para usufruir de uma boa vida, e nada melhor do que fazer isto com alguém que ama ou que gosta muito.

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  3. Realmente, concordo com você. Contudo essa "doença" não é algo simples, que decidimos nos curar...
    Quando a gente percebe, já estamos tão dominados por ela, que simplesmente não sabemos como sair, como fugir da situação. Como disse Augusto Conte, Exterioridade, generalidade e coercitividade. Já está tudo pronto quando nascemos, e dificilmente conseguiremos mudar. Lembrando: Difícil não é impossível. Mas precisamos de "idiotas" que ainda acreditem no amor, na mudança, para que essa "cura" ocorra. E não precisamos ter medo de sermos idiotas.. Afinal, foi por causa de "idiotas" como Einstein e Galileu, que acreditavam e viveram aquilo que acreditavam, que hoje temos princípios básicos e fundamentais da ciência. Foi por causa de idiotas como eles, que viveram à frente dos seus tempos, que temos os milagres de hoje. Milagres que muitas vezes nem percebemos, nem damos valor. A água saindo da torneira, no trigésimo andar de um prédio.. Ou luz surgir por um simples "apertar de botão".. São todos, pequenos milagres. Às vezes falta só um pequeno passo. Um empurrãozinho. Porque no fundo, beeeeeeem no fundo, todo mundo é um "idiota" com medo/vontade de amar..

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  4. O texto postado hoje no meu blog, teve inspiração nessa postagem..
    =)

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