Dizem às lendas que foi na Grécia antiga que se formou a base da democracia ocidental. Curiosamente a Grécia contemporânea demonstrou ser o grande túmulo do modelo de democracia representativa que impera no ocidente. A idéia da democracia de forma simplificada é que o povo governe, seja diretamente ou indiretamente através de seus representantes. Logo, o Estado deveria ser a "voz do povo", mas este foi completamente ignorado recentemente na votação do parlamento grego que aprovou um pacote de medidas duras de contenção de gastos que era e é rechaçado por mais de 80% da população daquele país. Mais afinal, porque os gregos estavam tão irritados com o tal pacote que a Rede Globo não cansou de dizer que era "essencial" para estabilidade econômica de toda Europa? Por incrível que pareça mais uma vez a resposta é relativamente simples: Bancos europeus por quase dez anos encheram as burras de dinheiro especulando com créditos imobiliários podres advindos de bancos de investimento norte-americanos. Depois de anos de farra, o sistema financeiro "descobriu" em 2008 que os créditos eram podres. Daí a imprensa econômica (que dizem as más línguas são pagas pelo mesmo sistema financeiro) pregou o final dos tempos pra baixo e imploraram a ajuda dos "governos" para atenuar a "crise". Agora você deve estar pensando: Peraí! Se foram os bancos que depois de longos anos de farra que causaram o problema, porque agora os "governos" (ou seja, o setor público) que vai pagar a conta? Mas é assim que funciona o capitalismo de mentirinha, não existe risco para as grandes empresas (principalmente as que compõem o sistema financeiro), e se há grandes perdas, quem paga é o governo. E no caso de uma "crise global" quem paga são OS governos. Foi exatamente o que aconteceu nos anos que se seguiram a quebra da farra imobiliária, várias nações se endividaram (parece surreal) para ajudar umas dúzias de bancos. Agora, pouco mais de três anos após o estouro da "crise", vários governos do mundo, inclusive da Europa (países como Itália, Espanha e Portugal são as bolas da vez), vem tomando medidas que atinge diretamente a população, reduzindo salários, cortando aposentadorias, assistência a saúde, investimentos na educação e por aí vai, tudo pra que mesmo? Ah! Pra pagar aos bancos o dinheiro que esses governos pediram emprestado para ajudar outros tantos bancos.
A gana da banca anda tão açodada que até mesmo a nação símbolo do capitalismo de mentirinha esta com problemas de pagar o que deve. Afinal, um dia alguém tinha que notar que os Estados Unidos é a nação mais endividada do mundo e tal passivo aumentou bastante após várias guerras da era Bush e finalmente o "auxilio" a bancos e empresas prestadas pelo governo norte-americano nos anos que se seguiram após o estouro da bolha imobiliária em 2008. Em 16 de maio deste ano, o governo dos Estados Unidos alcançou o limite de endividamento, US$ 14,3 trilhões, equivalentes a 92% do Produto Interno Bruto (PIB) de um ano do país e precisa da autorização do congresso para que o teto do endividamento aumente, senão, simplesmente amigos, terá que dar calote nos credores.
Não é a primeira nem a última vez que os governos pagam a conta do "fracasso" do sistema financeiro (símbolo do capitalismo atual), desde da grande quebra de 1929 vamos nesta mesma toada. Mas sem dúvida é a primeira vez que até mesmo o centro econômico e cultural do ocidente se encontra na iminência de ser humilhado por mais um fracasso deste capitalismo de mentirinha, sem riscos para o setor privado, onde no final das contas, quem paga a conta são os mais pobres com mais impostos e menos investimento social.
By- Adriano Cabral
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