quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um Amor Para Toda Vida (parte 1)


      Toda história de amor tem um início e a minha começa com que seria o mais terrível tombo do mundo. Calma, explico, lá estava eu aos 9 anos correndo como um foguete em direção a sala de aula para pegar minha bolsa, tinha acabado a aula de judô, ainda estava de quimono, quando tropecei na escada, estava em queda livre, de costas, provavelmente morreria com o tombo, no entanto alguém impediu fatídico deslance.
-Bem que tinha lido no horóscopo  que havia grandes chances de encontrar meu grande amor, mas não esperava que ela cairia direto em meus braços.
- Brigada moço. Falei no misto de encanto, vergonha e ainda tomada da adrenalina da quase queda. Estava suja, suada e completamente descabelada em razão do judô. 
- Não há o que agradecer, não é todo dia que cai-me nos braços belíssimas garotas, mesmo que venham em miniatura, qual seu nome meu anjo?
-Ester
-Então é muito mais que anjo, é uma estrela, como é pequena serás a estrelinha.
E lá estava ele pela primeira vez falando comigo, indagou-me pelo irmão dele que estudava na minha turma de nome Flávio. Logo ele foi me informando que tinha ido lá falar com a diretora em razão das baixas notas do irmão. Veio no lugar da mãe que não podia vir, não sabia mais o que fazer pois também não tinha tanto tempo para ensinar ao irmãozinho. Diante do meu olhar prescrutador ele riu  falando:
- Sério, sou irmão dele, não sou tão velho, tenho apenas 22 anos.
-Quer dizer que você queria que Flávio estudasse mais?
-Sim, claro.
- Eu posso te ajudar se você me levar pra sua casa nos finais de semana, adoro o conjunto habitacional que vocês moram. A gente estuda e brinca e todos ficam felizes. Nem precisa fazer essa cara, meus pais deixarão.
- Fechado Estrelinha
-Seu nome?
-Davi.
      E a melhor parte da minha vida dos 9 aos 13 anos era ir nos finais de semana estudar com o chato do Flávio. Davi sempre ia e trazía-me de volta, neste intervalo falava comigo sem parar, na verdade monologava, pois calada quase sempre eu estava contudo meu sorriso ficava praticamente cravado em minha face. Pra que falar e interromper o som daquela voz que ,não obstante ser grave e forte, sempre falava coisas divertidas e interessantes. Muitas vezes na companhia do Flávio íamos tomar sorvete ou passear no parque. Mas não há felicidade que dure pra sempre e Flávio mudou de escola. Confesso que naquela época não tinha processado ainda o que se passava comigo, mas aos 14 anos tornei-me uma adolescente bastante mal humorada e triste. Para minha sorte minha avó tornou-se vizinha de Davi e ao menos uma vez por mês arranjava uma desculpa pra ao menos dar um olá. Para piorar naquele mesmo ano vi Davi aos beijos com uma mulher, foi como se tivesse tombado, não de uma escada mas sim de um grande abismo, não podia acreditar naquilo, corri para casa da minha avó e minhas órbitas explodiram numa chuva de raiva e tristeza. Foi aí que percebi que o amava e precisava tê-lo comigo a qualquer custo.
      Nos anos que se seguiram fiz o projeto 18, imaginei que ao ficar adulta, poderia mostrar pra ele que não era mais aquela garotinha. Portanto, as visitas foram se tornando mais raras a fim que ele fosse esquecendo que um dia eu fora a pequenina que tomou nos braços. Não deixei de visitá-lo, mas em intervalos bem maiores. Meu intuito era que o tempo passasse e um dia ele me visse pensasse: Uau! Quando você se tornou essa linda mulher! Sempre trocávamos cartas, sim naquela época ainda se escrevia essas coisas, nelas ele me falava com entusiasmo do mestrado em história e de sua formação em teologia, queria ser pastor, enquanto eu falava de toda minha vidinha e de como ela era mais legal desde que o conheci (risos). Assim mesmo longe não deixava ele me esquecer nunca. Um mês após completar 18 fui na casa dele. Já fazia seis meses que não nos víamos e um mês sem cartas. Cada toque da campainha meu coração saltava no vestido apertado, que demora pra atenderem.
-Boa tarde senhora Adelaide, como vai! Tudo bem? Que ótimo! O Davi não está? Onde? O que? Casou?.
Sim, o inesperado aconteceu. E lá estava eu caindo novamente, mas desta vez não se tratava de um mero abismo sem fim que até então eu singrava, era o próprio inferno que se abria e devorava minha alma. Depois não me recordo muito bem o que aconteceu, só sei que ao voltar pra casa tinha certeza que minha vida acabaria naquele dia. Mas sobrevivi, os dias se passaram, as noites também, e mesmo que desde então tenha vivido como um zumbi, a vida seguiu adiante. Acabei aceitando uma proposta de namoro na falta de algo melhor pra fazer e em poucos anos fiquei noiva. O nome dele era André, professor de educação física de uma academia simplesmente me idolatrava. Seu ânimo e sua dedicação me entusiasmava mais do que qualquer coisa. A dor da perda do meu amor de infância ainda estava lá, mas eu tinha que seguir em frente pois naqueles tempos escuros não acreditava que haveria mais chances de cair de novo nos braços do Davi. No entanto, o futuro, companheiro da surpresa e amigo do passado  das pessoas apaixonadas nos pregou uma peça e acabei de forma inesperada estreitada carinhosamente nos braços de Davi. Mas isso será contado na outra história.

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by- Adriano Cabral

7 comentários:

  1. Humm... textinho legal...
    Fiquei curiosa para ler a parte 2.

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  2. "Nos anos que se seguiram fiz o projeto 18, imaginei que ao ficar adulta, poderia mostrar pra ele que não era mais aquela garotinha.'

    muito fofinha essa parte ^_^, só não entendi porque ela se casou, como assim na falta de algo melhor pra fazer ela aceita namorar alguem???? casamento não é a solução para todos os problemas, alias alguns dizem que é o começo de todos os problemas U_U, bem espero que tenha final feliz, eu quero um final feliz chega desse negócio de " a vida é dura" porque ela num pode ser molinha como algodão?pelo menos de vez em quando só pra variar ^_^

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  3. Também adorei esta parte do "Projeto 18", mas Nat, pelo que entendi ela ainda não casou... Realmente aceitar namorar alguém por falta de algo melhor pra fazer é algo no mínimo insano, mas acontece... é possível alguém começar a namorar apenas para não ficar só.
    Também estou torcendo por um final feliz...

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  4. Nossa.. Virou quase novela mexicana. Estou roendo as unhas p/ ler a parte 2. Talvez me identifique um pouco com o texto.. rs.

    Quanto a estar com alguém p/ esquecer um outro, é complicado. Nunca (ou quase nunca) funciona. No fundo, são horas de ilusão e segundos de culpa. Porque se de dia são sorrisos, de noite é solidão.
    Mas, cada um com as suas soluções.. rs.

    Adriano, final feliz, vai! Vamos adocicar a vida, pelo menos virtual.. e quem sabe despertar no coração dos leitores, aquele querido, e muitas vezes esquecido, sentimento romântico.. ;)

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  5. Estou morrendo de curiosidade para saber o resto da história.
    Vou reforçar o pedido de Sayuri: "final feliz", por favor! Afinal depois de tantos anos de espera, Ester merece ser feliz e ao lado do seu grande amor Davi.
    Torcendo por Ester!!!

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  6. O Senhor é mesmo sem graça neh ow...me deixa curiosa, querendo saber do resto da história...adorei!! Bjoo...

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  7. Legal o seu texto!!Cadê a outra parte??!!rs

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